Radiologia II
·
Filme
extra-oral
O filme
extra oral, como o próprio nome diz, fica fora da cavidade oral do paciente, é
acondicionado em um chassi, e pode ser classificado em filme screen ou filme no
screen.
O filme
Screen é mais sensível à luz visível do que à radiação X, ele é colocado entre
duas telas intensificadoras chamadas de ECRANS, apresenta mesma base e emulsão
dos filmes intra-orais. Não apresenta picote e o chassi é identificado como D-
direito, ou E – esquerdo. A embalagem contem 100 unidades.
O filme
No Screen necessita da radiação para a formação da imagem, igualmente os filmes
intra-orais, apresenta mais cristais de prata em sua emulsão, dando-lhe maior
contraste nas imagens, pode ser muito utilizado para radiografar partes do
corpo que precisam de um alto nível de contraste, como as articulações. Este
tipo de filme exige um tempo maior de exposição para a sensibilização do filme
para formação da imagem, exigindo um tempo duas ou três vezes maior de
exposição.
Tamanho
dos filmes extra-orais:
Existem
5 tamanhos de filmes usados na odontologia, sendo eles classificados em A, B,
C,D e E (panorâmico).
O filme
A tem 1,3 cm X 1,8 cm
O filme
B tem 1,8 cm X 2,4 cm
O filme
C tem 2,4 cm X 3,0 cm
O filme
D tem 3,0 cm X 4,0 cm
O filme
E tem 1,5 cm X 3,0 cm
Sensibilidade
dos filmes extra-orais:
A
sensibilidade é baseada nos mesmos conceitos dos filmes intra-orais,
correspondendo à quantidade necessária de radiação X para que se forme a imagem
radiográfica com uma densidade padrão. Quanto maior a sensibilidade, maior é a
velocidade de revelação e menor será o tempo de exposição do paciente. A
classificação quanto à sensibilidade varia entre o grupo A ao grupo F, sendo o
A o mais lento e F o mais rápido. A velocidade do filme pode ser aumentada
usando-se um tipo de tela intensificadora chamada de Ecrans, utilizada nos
filmes do tipo Screen. Combinações de alto contraste e velocidade média, ou
menor nitidez e alta velocidade.
Acessórios:
- Chassi
É tipo
uma caixa, formada por duas placas com dobradiças entre si, na qual o filme é
colocado entre duas telas intensificadoras (écrans), pode ser de plástico ou
metal (de alumínio), rígido ou flexível, os tamanhos são correspondentes aos
filmes extraorais, com identificação de lado direito e esquerdo.
- Ecrans
Base
plástica de poliéster de 0,25mm, coberta por uma camada de cristais
responsáveis peã fluorescência quando são expostos a radiação (luz verde,
azulada ou ultravioleta). É banhado por
terras raras (oxido de escândio, ítrio, lantânio, e dos 14 elementos seguinte
ao lantânio na tabela periódica).
Alguns
sais inorgânicos como o fósforo apresentam pouca fluorescência, emitem luz
visível, e a exposição à radiação X é proporcional à intensidade da radiação.
Tem função de conversão da radiação absorvida em luz, os filmes screens são
mais sensíveis a luz do que a radiação, reduzindo em até 60x a dose de radiação
X para formação da imagem em relação ao filme no screen. A substituição do
fósforo por terras raras nos filmes Screen, é devido as terras raras terem
maior eficiência em seus cristais, absorverem cerca de 60% dos fótons que
atravessam o paciente e colidem com o chassi, converterem cerca de 20% da
energia de absorção fotoelétrica e do efeito Compton em incidentes de energia
luminosa.
Podem
ser classificados em rápidos, médios ou lentos, em relação à absorção da
radiação X, devido a espessura dos cristais. Também apresenta uma camada
protetora responsável pela limpeza, retendo as impurezas que poderiam
prejudicar na formação da imagem, impedindo a formação da luz que sensibiliza o
filme.
·
Processamento
do filme radiográfico
O
filme radiográfico é a superfície de registro, o receptor da imagem e é
frequentemente usado para radiografias dentárias.
O
feixe de Raio X quando atinge o filme, após a modificação química da foto
sensibilidade, dos cristais halogenados de prata presentes na emulsão, formam a
imagem latente no filme, invisível aos nossos olhos, sendo necessário a
revelação para conversão da imagem latente em imagem visível.
Na
emulsão existem cristais de prata foto sensíveis, porém nesses cristais existem
íons de prata livres no interstício, e locais sensíveis que apresentam
compostos de enxofre que foram sensibilizados quimicamente.
Nas
interações Compton e fotoelétrica ocorrem liberação de elétron, esses elétrons
se deslocam para o s locais sensíveis, tornando-o carregado negativamente.
Então ocorre atração dos íons de prata (carga +) que estavam livres no
interstício para esses locais sensíveis. Ocorrendo a fluorescência,
sensibilização do filme e formação da imagem latente. Estes locais sensíveis ou locais de imagem
latente, distribuídos por todo o filme, depois da exposição à radiação, formam
a imagem latente. Quanto maior a agregação dos átomos neutros de prata, maior a
sensibilização dos cristais aos efeitos do revelador.
O
revelador vai converter os cristais de brometo de prata com átomos de prata
neutros depositados nos locais de imagem latente em grãos de prata negra
sólida, ou seja, os cristais que foram sensibilizados formam grãos de prata
negra, que formam a imagem latente. A solução reveladora afeta somente os sais
de prata expostos à radiação X, faz remoção do elemento halogenado, depósito
negro de porta metálica sobre o filme, ph altamente alcalino (pH 10 a12).
O
fixador vai fazer a remoção dos cristais de brometo de prata que não foram expostos,
sensibilizados, que não fazem parte da imagem latente, formando a imagem cara
nas áreas não expostas.
As
áreas claras são chamadas de radiopacas, poucos fótons alcançaram o filme, as
áreas escuras são chamadas de radiolúcidas, muitos fótons atingiram o filme. A
solução fixadora dissolve os sais de prata remanescentes (não expostos à
radiação), faz remoção dos sais da emulsão, e fixação permanente das imagens
reveladas, apresenta o pH ácido de 4 a 5.
O
processo pós-radiação é o seguinte:
-Imersão
do filme exposto no revelador
-Enxague
do filme em água corrente
-Imersão
do filme no fixador (10 min)
-Lavagem
do filme em água corrente (10min)
-Secagem
do filme
-Montagem
para visibilidade.
Esse
processo completa o que teve inicio com a exposição do filme à radiação. É
importante executa-lo com cuidado para obter radiografias de qualidade. Os
requisitos básicos para esse procedimento são:
-
instalações adequadas (ao abrigo do sol, com luz de segurança), soluções de
qualidade, métodos de revelação padronizados.
A
câmara escura pode ser portátil, um quarto, ou um labirinto. É um local para
manipulação dos filmes, carregamento de chassis,tem que estar sempre limpo
(higiene), tem uma parte seca, e uma
úmida, a parte seca é para a manipulação dos filmes, identificação dos filmes,
carregamento de chassis, que evite a contaminação dos filmes e do operador. A parte
úmida é um tanque que contem as soluções, e um para a água corrente.
A
câmara escura portátil é comum em consultórios odontológicos, pois não há a
possibilidade de outro tipo de câmara escura, e exige poucas demandas. É uma
caixa de acrílico vermelho, com mangas de elástico nas extremidades, e no seu
interior as soluções e a água estão dispostos em 3-4 recipientes. A direita o
revelador, no meio a água e a esquerda o fixador.
A
câmara escura quarto precisa ser à prova de luz, contem um tanque ou uma
reveladora automática, as soluções são dispostas da mesma maneira que a
portátil (D- revelador, C- água, E-f ixador), contendo espaços adequados para
filmes intra e extra orais. Os recipientes para soluções tem que ter grande
dimensão vertical e a menor dimensão horizontal, tem que ter menor exposição ao
ar para proteção das soluções. A
lanterna de segurança (15 watts) tem que estar a uma altura adequada de no
mínimo 120 cm de distancia dos filmes e ser adequada aos filmes.
A
mesa e porta resíduos (abertura) constituem a parte seca do quarto, também é
necessário conter suportes e colgaduras apropriadas, termômetro de imersão,
bastões, relógio alarme, varal com escorredor, ventilador, estufa secadora.
A
câmara escura labirinto deve ter uma maneira fácil e prática para o operador
entrar, a entrada (corredor) quebra a luz exterior, e as paredes devem ser
pintadas de preto.
·
Fatores
que interferem na produção da imagem radiográfica
Os
raios X tem a propriedade de sensibilizar o filme, penetrar em corpos opacos,
sendo frequentemente empregado na clinica radiológica.
Os
Raios X absorvidos não sensibilizam o filme, os raios x não absorvidos
atravessam o objeto, sensibilizando o filme e formam a imagem.
Raio
X de maior comprimento de onda, apresentam baixa quilovoltagem e menor poder de
penetração e os de menor comprimento, apresentam alta quilovoltagem e maior
poder de penetração.
O
objeto radiografado que apresenta grande número atômico tem maior poder de
absorver a radiação, dando aspecto radiopaco na radiografia.Quanto maior a
espessura e densidade do objeto maior a absorção da radiação.
Radiopacidade/Radiolucidez:
Apresenta
diferentes tonalidades variando do tom mais claro (branco) para o mais escuro
(preto)
Dando
a transparência dos corpos à passagem dos Raios X.
A
radiopacidade é característica da resistência do objeto à passagem dos raios X,
dando uma imagem mais clara, com maior ou menor radiopacidade.
A
radiolucidez é característica dos objetos que não apresentam resistência à
passagem dos Raios X, dando uma imagem escura, com maior ou menor radiolucidez.
Características
básicas:
·
Detalhe:
o detalhe está relacionado à nitidez com que a radiografia reproduz um objeto
radiografado, que para a imagem ser de boa qualidade deve estar no nível ótimo
de detalhe. Os fatores que contribuem ou interferem para a qualidade da radiografia são:
-geométricos; -movimento; - características do filme; -formação de véu, écrans
intensificadores.
**Fatores
geométricos:
- Área
focal: quanto menor a área focal maior a nitidez do objeto radiografado.
-
Distancia do foco/filme: quanto menor a distancia do foco de raios X do filme, maior
a área de penumbra e menor a nitidez da imagem, quanto maior a distancia do
foco de raios X do filme, maior a nitidez da imagem e menor ampliação da imagem.
-Distancia
objeto/filme: quanto menor a distancia do objeto do filme, menor a área de
penumbra e maior a nitidez, quanto maior a distancia do objeto do filme, menor
a nitidez e maior ampliação da imagem.
O ideal
é que a área focal esteja o mais distante do filme e o objeto fique o mais
próximo possível do filme.
-Paralelismo
objeto/filme: o ideal seria que o objeto e o filme ficassem paralelos ao outro,
criando maior nitidez e menor distorção da imagem, porem esta angulação é não
consegue ser adquirida na cavidade oral, a técnica do paralelismo toma a maior
distancia foco/filme. Então se criou a técnica da bissetriz, desde que seja
criado um ângulo entre o objeto/filme tomando por referencia uma bissetriz, é
tomada a menor distancia foco/filme. É preciso manter o filme o mais reto
possível, pois a curvatura do filme pode acarretar o aumento do comprimento da
imagem,tanto verticalmente como na
largura.
A lei
isométrica de Ciezinsky diz que ‘’ a imagem projetada tem o mesmo comprimento e
as mesmas proporções do objeto, desde que o raio central seja perpendicular à
bissetriz do ângulo formado pelo filme e o objeto. Na técnica do paralelismo a
ampliação da imagem é menor que na técnica da bissetriz.
O
encurtamento da imagem ocorre quando o raio central é perpendicular ao filme,
mas o objeto não está paralelo ao filme. E o alongamento da imagem ocorre
quando o raio central é perpendicular ao objeto, mas não ao filme.
-
Movimento: o paciente, o objeto e o filme devem estar o mais imóvel possível,
pois movimento durante a exposição gera uma imagem sem nitidez (borrada),
quando não for possível manter a imobilidade deste, utilizar técnicas especiais
como a panorâmica, planigrafia.
-
Características do filme: filmes rápidos apresentam cristais de prata maiores,
maiores as áreas ionizadas pelo fóton de raios X, criando uma imagem de menor
nitidez. Os filmes lentos apresentam cristais de prata menores, menores áreas
ionizadas pelo fóton de raios X, criando uma imagem de maior nitidez. A emulsão pode ser simples ou dupla, a
simples dá uma menor ampliação e maior nitidez da imagem, e a dupla, uma maior
ampliação e menor nitidez da imagem.
-
Formação do véu: cria um escurecimento generalizado da imagem após a revelação.
Gerado por radiação secundaria, luz de segurança incorreta, uma alta dosagem de
revelação (super- revelação), revelação em altas temperaturas.
-Ecrans:
os escrans geram aumento do efeito fotográfico dos raios X, diminui o tempo de
exposição, os cristais da emulsão apresentam fluorescência, aumentando a sensibilização
do filme diminuindo a quantidade necessária de radiação. Quanto maior os
cristais menos a radiação empregada e menor a nitidez da imagem, os tamanhos
dos cristais devem ser variados (grandes e pequenos), para que não seja
necessário um alto tempo de exposição, e
que também não prejudique a nitidez da imagem. Deve estar com o maior contato
possível com o filme, par não aumentar a área de fluorescência, diminuindo a
nitidez da imagem.
·
Densidade:
diz respeito ao grau de escurecimento do filme, que para a imagem ficar em boas
qualidades deve estar no nível médio de densidade. Fatores: miliamperagem (mA),
tempo, distancia, quilovoltagem, natureza e espessuras do objeto radiografado.
-
Miliamperagem (mA): diz respeito ao numero de elétrons que passam do catado
para o anodo. Quanto maior a miliamperagem maior o numero de elétrons que se
chocam no anodo, maior a quantidade de radiação, e mais denso fica o filme
(mais escuro).
-
Tempo: o tempo de exposição do paciente é proporcional ao tempo de exposição do
filme ao feixe de raios X, maior a densidade da radiografia. Se relaciona com a
mA, que se dá mA/s.
-Distancia:
Os raios X são divergentes, cobrem uma área cada vez maior, decrescendo sua
intensidade. A lei das proporções
inversas diz que a intensidade da radiação varia da razão inversa ao quadrado
da distancia foco/filme. O aumento da
distancia requer maior tempo de exposição, e aumenta a densidade radiográfica.
Se você dobra a distancia, temos de quadruplicar o tempo de exposição.
-
Quilovoltagem (kV): quanto maior a quilovoltagem maior o índice de exposição,
maior a porcentagem de raios X de menor comprimento de onda, que vão atingir o
filme. 60-70 kV aproximadamente dobra-se
a exposição. O aumento da kV aumenta a densidade da imagem.
-
Natureza e espessura do objeto: a composição do objeto (seu numero atômico) e a
espessura do objeto vão se relacionar com a quantidade de radiação a ser
absorvida, quanto maior o numero atômico e maior espessura, maior absorção da
radiação, mais radiopaca é a imagem e menor a densidade radiográfica.
·
Contraste:
diz respeito à diferença entre os diversos graus do preto, branco e cinzas. O
nível adequado é o médio. Quanto maior o numero de tons intermediários de
cinza, menor será o contraste entre as partes brancas e pretas da radiografia.
Radiografias de alto contraste não são ideais. Fatores: quilovoltagem,
miliamperagem e tempo.
-
Quilovoltagem: quanto maior a kV menor comprimento de onda dos raios X, maior
poder de penetração, maior a quantidade de raios X chegam ao filme, a imagem
apresenta longa escola e contraste com maiores tons intermediários de cinza.
-
Miliamperagem e tempo: é um fator secundário, quanto maior a mA maior o
contraste radiográfico.
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